Antes da luz • Filipe Faria
Antes da luz • Filipe Faria
ANTES DA LUZ
Museu dos Sons Perdidos 5
2025
MU0148
LIVRO
Antes da luz
Ensaio literário, visual e sonoro
de Filipe Faria
—
Um projecto
Arte das Musas
Em parceria com
Município de Idanha-a-Nova
\UNESCO Creative City of Music
Apoio
República Portuguesa - Cultura
\Direção-Geral das Artes
Escrito, gravado e fotografado em
Idanha-a-Nova, 2025
Edição: Arte das Musas
Colecção: Museu dos Sons Perdidos (Vol. 5)
Parceria: O Homem – Colectivo
Design gráfico e paginação: Filipe Faria
1ª Edição: Idanha-a-Nova, 2025
ISBN: 978-989-36322-2-2
Depósito Legal: 555923/25
Tiragem: 250 exemplares
MU0148 © 2025 Filipe Faria e Arte das Musas
Todos os direitos reservados
Páginas 120
Acabamento Capa dura
Língua Português
O Museu dos Sons Perdidos
Dizem que Guglielmo Marconi (1874-1937), físico e inventor italiano, padrinho da tecnologia rádio, acreditava que o som não morre. Sonhava ouvir os sons perdidos, tocar nessas frequências eternas.
Podíamos ouvir tudo. Ouvir a primeira inspiração dos nossos filhos e dos nossos pais. Ouvir o primeiro grito da Humanidade, cada sermão, conselho sábio ou riso de todas as gerações. Ouvir o som grave da primeira erupção ou o canto agudo daquela ave que escapou para longe. Todos nós podíamos ouvir tudo. Ouvir tudo, para sempre.
Depois de produzido, o som não morria mas perdia poder, enfraquecia. Estas ondas sonoras, fracas, sem destino preciso, permaneciam eternamente a flutuar. Qualquer som podia, em teoria, ser recuperado. Ouvido pela primeira ou pela enésima vez. Qualquer som de qualquer lugar ou tempo passado. O primeiro e o último. Um som perdido podia ser ouvido, novamente, com o equipamento certo. Um equipamento poderoso. Um que conseguisse ouvir e escolher. Um por inventar.
Todos os sons são sons perdidos… ondas que flutuam, independentes de outras vontades, até que alguém as consiga sentir ou sem destinatário. Persistentes. Frágeis. Mudas. Flutuações brutais ou discretas. Gritos ou sussurros. Ruídos. Vozes. Com todas as histórias do mundo.
Ainda não foi possível inventar aquele equipamento poderoso com que poderíamos ouvir todos os sons perdidos, mas inventámos a forma de os guardar. Hoje, conseguimos ouvir o dia de ontem, desta ou de outra geografia. Mais ou menos secreto. Enchemos o planeta de sons perdidos. Sons que, dependendo da nossa vontade, podem voltar a ser produzidos.
A construção de um Museu dos Sons Perdidos parte daqui... da tentativa de perpetuar as ondas das memórias pessoais e colectivas de uma comunidade... e o seu potencial criativo. Fundador. Reconfortante. Assustador.
A paisagem sonora de todos e de cada um, construída pelas biofonias, geofonias e antropofonias de um território… o mundo silencioso a partir do qual nasceu.
E a imagem, um veículo.

